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O BRANCO NO BRANCO: A EPIFANIA DE EUGÊNIO DE ANDRADE

Claudio Daniel             A poesia de Eugênio de Andrade (1923-2005), eclética e universalista, recusou filiação a Presença , ao Surrealismo ou ao Neorrealismo. Ao enumerar as leituras que marcaram a formação literária do poeta português, Arnaldo Saraiva cita os gregos — “os elementos, o paganismo, o heraclitismo, a ‘melancolia estoica’ referida por Jorge de Sena”, os orientais — “o haiku, o budismo zen” e os “espanhóis da geração de 27, em especial Garcia Lorca [1] ”, além das referências evidentes ao cânone da poesia portuguesa, sobretudo Fernando Pessoa. No presente artigo, vamos abordar as afinidades sincrônicas entre a escrita poética de Eugênio de Andrade e a poesia tradicional japonesa, e em especial o tanka e o haiku [2] , gêneros literários que valorizam a concisão, a brevidade, a visualidade e a dimensão do sagrado, expressa na epifania. Desde os seus primeiros textos publicados, entre 1942 e 1945, Eugênio de Andrade praticou o poema breve, em especial a quadra, mas