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Mostrando postagens de novembro, 2017

MENINA ESCORPIÃO (cadáver delicado)

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I [na] duna verde-âmbar do olho Monte Fuji fato incontornável. A ventania um vento. A flauta nas mãos. Chuva de papel picado entre as unhas verdes –  borboletas da menina escorpião.  II Os dentes se fragmentam, formando um pedregulho de marfim amarelado;  a couve, retirada pela boca, em tiras finas, não se esgota, brota mais e mais. Ao toque, a pele roseada de veludo gerou a aversão e o grito: era uma pele de peru. As baleias se debatem na areia, moribundas, os corvos já se aproximam; sonham com tripas. III Foi dia quinze de...  não lembro... Procurando outra vida, a sua tomou outro rumo: os passos que ouço agora são ecos do que não fui. Asas orvalhadas se debatem. IV Não engole esse doce português, que dentro dele há estricnina. As espumas sairão de sua boca de beira de praia; você convulsionará: poeta. Assim que o vi tão pálido e deserto. uma larva

CARTOGRAFIA DE IMAGENS PEREGRINAS

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Josely Vianna Baptista pesquisa as relações entre palavra, visualidade e movimento, dialogando com as técnicas da fotografia, do cinema e da pintura, especialmente em seus dois primeiros livros publicados, Ar (1991) e Corpografia (1992), este último realizado com a colaboração do artista plástico Francisco Faria. As células verbais são fragmentadas e espalhadas na página, com entrealinhamentos e espacejamentos que dissolvem as distinções tradicionais entre prosa e poesia e fazem da escritura uma intervenção ao mesmo tempo visual e sonora, quase tátil, solicitando do leitor uma nova forma de leitura, atenta não apenas à dimensão referencial das palavras, mas sobretudo à sua dimensão física, corporal. Como observa Francisco Faria, em Notas sobre um percurso compartilhado , “a intenção (na fragmentação das palavras) não era somente plástica, mas também funcional, a de quebrar o ritmo da leitura e forçar uma nova ‘respiração’ da fala que a acompanha, mesmo ment

POEMAS DE TELMA SERUR

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Libanês gastou até último tostão jogando cartas. Falência do mascate; agora vende maçãs. * * * Mulher árabe quer filho no mercado a vender frutas. Menino escondido estuda sob o balcão
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Hoje, quinta-feira, às 16h, teremos aula sobre "A máquina do mundo", de Carlos Drummond de Andrade, e às 20h30, aula sobre Haroldo de Campos.

Poema de Fabíola Lacerda

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VÊNUS Vem no arrepio:   sangue enrijece tentáculos e brânquias e da concha a pérola- rosa desponta ••• Sob seus pés serpente furiosa lateja docemente esmagada outro paolo outra francesca ••• polvo ostra e serpente ouro em pó tão sépia quanto a morte seu abraço incandescente ••• pérola sinsépala moça de um só brinco vermeer azul solitária e obscura presa a um istmo de sol

Haiku de Yara Darin

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rio fétido entardecer de verão corvos se banqueteiam

Haiku de Edelson Nagues

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Um balão ilumina a noite na cidade a favela em chamas.

Haiku de Telma Serur

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Nômades negros puxam seus camelos. Areia e sol

Haiku de Maria Marta Nardi

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noite em branco cantam grilos nos meus ouvidos

Haiku de Iolanda Costa

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chuva na calçada palavra escrita no papel poesia molhada