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Mostrando postagens de outubro, 2017

Poemas de Alice Ruiz

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TEXTO PARA INICIADOS NÃO PODE SER ACABADO. 1-     achar a palavra que reverbera a aura das coisas. Palavra flor, palavra cor, palavra luz. Um som total num só tom, em todas as línguas. Palavra poema, um verbo que seja, por exemplo, verbena. 2-     precisa-se da palavra que seja precisa, mais que casa, teto, lar, porta, madeira, que seja fogueira em brasa. 3-     procurar a palavra exata que encontre a veia aberta e a violência do seu silêncio atravesse como um grito o verso certeiro. 4-     grafar só o momento ou, talvez, a eternidade, sempre que ela se for com o vento TRÊS AMIGAS                                                                        para Maria Lúcia Dal Farra Quando se encontraram cheia, a lua, brilhava alta. As faltas do inconsciente que a gente da gente esconde pulsaram na superfície. Sem ao menos perceber já estavam no porão vasculhando assombrações e vivendo, sem intenção, as lembranças mais sagradas. Muitas lágrimas nasceram, quentes, em liberdade, do fu
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Hoje, terça-feira, às 20h30, teremos aula sobre a poesia de Alice Ruiz.
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O Laboratório de Criação Poética apresentará muitas novidades em 2018, entre elas a publicação de uma antologia com haikus dos alunos do curso, aguardem.
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Na segunda-feira, dia 30 de outubro, às 16h, teremos aula sobre Poesia Concreta.
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Hoje, quinta-feira, às 16h, no Laboratório de Criação Poética, teremos aula sobre o poema "A plenos pulmões", de Maiakovski, e às 20h30 sobre "O auto do possesso", de Haroldo de Campos.

Um poema de Márcia Tigani

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Canto anônimo Não é teu o céu pintado à guache, lápis-lázuli a iluminar oásis de cáctus e marfim. Nem é tua a labareda, a história dessa guerra coração fincado à terra e à argila carmesim. Tua é a planície e o sal o granito ,a ovelha atônita a mulher e a voz afônica de tanto chorar sem fim Pelos filhos e seus espectros plasmados a esmo e gesso em momento de recesso sob tônica e sob gim. Não é tua a terra própria nem a vida, nem a morte Em tuas mãos há lama e corte E teu nome é Serafim. Terá fim esse cansaço? Ou o fim deste mormaço? Haverá fim o anonimato a perseguir Serafim?

Um poema de Maria Marta Nardi

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Pincelei seus olhos pelo meu corpo Decalque na pele Pontas da mesma estrela na extensão da madrugada.

Dois poemas de Fabíola Lacerda

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NIX não sou nuvem por quem sonha o rio nem água nem ar nem a aurora do dia que principia sou as horas que os ponteiros do relógio assinalam a terra que áspera se pisa o chão que se sulca e semeia a realidade dura e repetitiva a rotina o rosto que quando sorri verdeja que quando chora mata e ninguém te conhece como eu recebo teu suor e tuas lágrimas recebo tuas preces recebo teu corpo dissolvo teu corpo dissolvo teus sonhos teus medos sou tua vida sou teu fim antes de deus o breu nix * HACHURAS você pediu que olhasse bem nos teus olhos olhei em direção a teus olhos detive-me nas hachuras sob teus olhos não há verdade em teus olhos não há mentira em teus olhos você sabe que quando olho nos teus olhos só vejo a poesia de teus olhos nas olheiras sob teus olhos nas sombras sob teus olhos o espaço e o tempo sob t

Dois poemas de Sávio de Araújo

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RAPINA Dias rasgados engolidos por abutres. Noites inteiras digeridas pelo tempo. Ressoa assim a terra devastada. LIBERTAÇÃO Coragem é o primeiro nome na vida de uma palavra, esse título sem posse que dá voz aos ditos. Diz bem todo aquele que desconcerta reações, fazendo sangrar o sêmen na boca de um povo. Uma língua alforriada por si: eis o segredo mais simples. Duram séculos o fogo das palavras, por isso é preciso saber porque devemos acendê-las. Ao arder, capazes de inflar o aço duro na carne fresca, irrompem infâncias imaturas. Mas nada pode ser feito fora da guerra, isso significa combater uma palavra com outra mais precisa. Para quem as entende, estas servem ao único propósito de decepar a covardia e aos que se escondem disto, continuem sufocados. Eu direi.

Um poema em prosa de Márcia Friggi

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Entardece em sépia - crepúsculo antigo. Eu -- fragmentada e nua -- busco o silêncio escuro e ácido, ninho abandonado de pássaro. Quero a solidão sem bagagem e encarcerada na segurança de mínimos metros quadrados. Não posso corromper-me em verdades alugadas, pretendo pensar por mim. Quero um travesseiro de alfazema para espantar pesadelos, mas o tropel desse sol noturno, terminal, explode no céu da insônia.  A lua umedece as brasas da madrugada incinerada. Sou esse espectro com a pele macerada de esperas, esporas do tempo. No dorso da mão trago chaga aberta. Na palma, o cintilar do verbo -- enigma de estrela. Os olhos, faróis estáticos, estatelados, antiestéticos, atravessam as trevas da madrugada como um trem embriagado. Eles têm como destino – ou milagre – cruzar as brumas da noite e, incólumes, ressurgir aos primeiros raios da alvorada e eu amanhecerei descalça.
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O minicurso "Re-Visão de Haroldo de Campos" acontecerá a partir do dia 19 de outubro, como parte das atividades do Laboratório de Criação Poética. As aulas, ministradas por mim, acontecerão às quintas-feiras, das 20h30 às 22h, e a mensalidade será de R$ 80,00 (alunos regulares do curso não pagarão nada). Todas as aulas serão realizadas à distância, via internet (Skype). Quem tiver interesse em participar ou desejar obter mais informações pode entrar em contato pelo e-mail claudio.dan@gmail.com.

Um poema em prosa de Márcia Friggi

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  Escorrego, exausta, pelas paredes rumo a asfixia da noite. Em vão tento manter-me à tona. Deslizo para o meu exílio de ansiolíticos. Escuto o som de restrições e da estreiteza das minhas possibilidades. Nada mais me compete. Não caibo na mulher que fui e não me enxergo nas manhãs que me aguardam, tão vazias de mim. Sinto o galopar do sangue. Fúria e agonia. Pressinto o brilho ácido da lâmina em carne viva. Permaneço inerte, encolho-me no útero das horas. Sou uma planta escura à beira do abismo. Fecho os olhos para o que me dói da vida e explode em mim a dor de não viver.
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Na segunda-feira, 09 de outubro, às 16h, teremos aula sobre poesia visual.

O pensamento alegórico de Paul Valéry

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           Claudio Daniel                                                                                                                    A escritura poética de Paul Valéry utiliza como principal recurso composicional a alegoria , ou representação do pensamento por meio da sucessão de metáforas, conforme definição de Quintiliano (CAMPOS, 1978: 16). Segundo René Waltz, essa figura é “uma espécie de máscara aplicada pelo autor à idéia que se propõe expressar” (idem), e não por acaso é recorrente nas fábulas e parábolas tradicionais. A figuração de conceitos abstratos por imagens concretas, porém, implicava certa cumplicidade entre artista e público, que compartilhavam o mesmo repertório de símbolos, tal como ocorreu na iconografia cristã do período barroco, em que as imagens de animais, flores e frutas, bem como as cores, letras e números relacionavam-se a valores éticos e espirituais.  Como ilustração, podemos citar o quadro O cordeiro pascal , da pint
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Na quinta-feira, às 16h, teremos aula sobre o "Cemitério marinho" de Paul Valéry, e às 20h30 sobre a poesia de Radovan Ivsic.
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Hoje, quarta-feira, às 20h30, teremos aula sobre a poesia de Orides Fontela no Laboratório de Criação Poética.
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Hoje, segunda-feira, às 16h, no Laboratório de Criação Poética, teremos aula sobre o poema em prosa. 

Poemas de Radovan Ivsic

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SILÊNCIO I Eles crescem e desaparecem os anéis da memória ele é calmo o lago do mundo tu és muda e profunda sozinha tu és o coração do mundo nu. II Mesmo  que os seios sejam flores fugitivas tuas coxas de relva acalentam minha mão e os beijos são lentos como a claridade lentos esqueço o peso e o penar o penar das flores já distanciadas para se beijarem e meus dedos se desfolham sobre teus ombros como se o vento semeasse e morro de ternura por toda parte e de novo minha mão escorre sobre teu corpo claro sobre os pomos que acaricio com meu olho nu III Moças moças serei tão alegre BRIONI Para Annie Os cervos são borboletas as borboletas são peixes os peixes são claridade a claridade é morte a morte é laranja a laranja é vulcão o vulcão é feno o feno é elefante o elefante é afogamento o afogamento é riso o riso é montanha a montanha é anel o anel é sol