QUATRO POEMAS DE CARLO FABRIZIO

 








PÂNTANO

 

De onde vim só intuo;

O que sou é incerto.

Onde vou recuo,

Algo me faz perto.

 

Em meio ao desprezo

De um pântano insano,

Deserto, vazio e desumano,

Não há como ficar ileso.

 

Antes do nojo da partida

Existo nesta destruição.

Mesmo com a vontade de vida

Sofro a suprema desumanização.

 

Corpos que são e que vão;

Luz que se apaga.

Mentes em plena escuridão;

Força que, ao fim, naufraga.

 

 

NOSSO VÍRUS

 

Não-ser que existe,

Se espalha, e sem sentido mata;

Ser que vive

Com seu senso de matar.

 

CASCA DE NOZ

 

O que tenho dentro de mim?

Sangue, vísceras e raiva.

Consciência intranquila e viva

Nunca posta a ter fim.

 

Ao exterior expilo sêmen,

Suor, calor, vômito...

Irrito aos que temem.

 

Respiro fundo, e com um frêmito

Quero que todos notem

Onde e como eu fico.

 

Minha casca de noz

Guarda a consciência do eu;

Infinita, a sós,

Sítio profundo e meu.

 

 

PODER

 

Virulência de atos atrozes,

Omissão assassina.

Escatológicas vozes

Que governam nossa sina.

 

Hemorroida de uma mente infantil,

Culto de ódio e morte,

Monstros armados no forte

A nos conduzir ao vazio.

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