UM POEMA DE DIRCE CARNEIRO
POLONAISES
A palavra ecoa em megafones,
passeatas de estudantes incontidos.
Multidão utópica de hippies – o V traçado,
colares de margaridas, no peito, intactas,
cabelos virgens, juventude em vanguarda.
Festival de rock – Joplin, Hendrix –
Woodstock,
braços trançados, fileiras, barricadas.
Ecoam sons de excluídos, vozes sufocadas,
acordes de Lennon – Imagine – o sonho.
Há uma mescla dos clássicos
–
megafone do tempo:
sons de cordéis nos varais floridos,
um soneto ao telefone, acorda-me do sono...
como pano de fundo: Bach, Liszt, Chopin..
Nas estepes, um lobo solitário
desperta no século diva adormecida;
o beijo do poeta, a palavra rimada,
contraponto aos festivais de guitarras:
gravatas, rebeldia, mesclam-se em gestos
Cruzes e corações nas caras destemidas,
batom vermelho, giz de sangue na cruzada.
Um corpo nu relampeja na santa ceia...
O olhar mendicante faminto do esquecido...
no meio fio o olhar da leitura das gentes.
Lusco-fusco da memória.
Revolução de sonho, vivida em flores e sons
ainda grudado em mim o som das Polonaises.
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