DOIS POEMAS DE JORGE AMÂNCIO

 














PENTE DE TARTARUGA E FLOREIOS DE COBRE

 

I

corpo coberto de cobre

mãe dos pássaros e peixes

narcisa dengosa

deusa do amor-desejo

atraente depravada

deusa da beleza-riqueza

alegre-elegante

deusa fértil-do-luxo-luxúria

 

II

cura a doença

com água fria

cura a criança

e não apresenta a conta

 

torna boa a cabeça má

desvenda

a origem da maldade

 

chega

e a perturbação se acalma

me chama

e segura minha mão

 

III

da pele muito lisa

pássaro de pluma brilhante

altiva se diverte

 

agita as pulseiras

e dança

dança sem pedir

dança e pega a coroa

dança nas seivas da riqueza

 

vestida de veludo

dona das penas de papagaio

joias de cobre sólido

 

IV

mulher coroada de ouro

sua palavra é suave

como alguém famoso

tem um título e viaja

todo mundo a saúda

 

] não existe lugar onde não se conheça Oxum [

Ora Yê iê, ô!

 

 

PARA UM BROTHER AMIGO

 

pela traição

um frágil poeta

de africanidade

origem exótica

gótica magia

poema perda

pedra só de ida

 

passado construído

laço de uma vida

cumplicidade

irmandade

insensatez

briga de criança

 

meu elo

minha origem

 

pelo pacto

nunca selado

nunca quebrado

sempre presente

sempre cumprido

ausente em mim

presente em ti

 

por não saber

o que é amizade

por não saber

o quão perto do amor estive

 

perdoe-me

 

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