DOIS POEMAS DE CELSO VEGRO
Pantera arranha porta
enquanto digere homem
no canto folhas
sonhadas.
Acácia selvagem
de indolente passo
negocia aurora.
Pássaro abstrato
oculta o choque
com intrincado nada.
Arbustos robustos
pivotam raízes
no macadame.
Desbravador antártico
espalha migalhas
rumo ao indecifrável.
UMBRAL
DOS INDECISOS
No oco do ouvido
ecoam
sílabas arrastadas,
aprendizado de coisas
impuras.
Más ervas
embriagam
os relógios
que roubam as horas,
transfigurando
gemidos.
Sentado ao degrau
o cigano
saca do alforje
a mão do morto,
traçando círculos ao
redor.
A festa já pode
começar!
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