UM POEMA DE SANDRO SILVA
CENTRAL DO BRASIL
A respiração aquecida e
disritmada
quase por demais sufocante.
O inchaço dos corpos
combalidos
entre o constrangimento e a
resignação.
Vultos salpicados em busca de
um lugar
entre o longe e o seu reverso.
Multidão de braços que seguem
erguidos
sem nada terem a que louvar.
O brilho opaco dos olhos
lacrimejantes
sem nada ter a que mirar.
A boca aberta pelo
desassossego
do sono contraído sem retorno.
No universo lúgubre da espera
a correnteza do tempo trafega
dividida.
As portas acompanham as
pálpebras
como pulsações de um coração
calejado.
Semblantes difusos de mais um
dia
que se cristaliza sem
propósito concedido.
As mãos não alcançam saídas
aparentes
nem há rotas de fuga ao toque
dos pés.
O abismo entre a chegada e a
partida
perdido no breu de trilhos
desconexos.
Mas para além da inapelável
realidade
o inferno é sempre mais
atemorizante.
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