UM POEMA DE MARLI FRÓES
VILA OPERÁRIA
Na garganta das horas em urros,
duplo arco-íris
sobre casas apinhadas,
guardadas no invólucro prisma de água e luz.
Globo artesanal
sob vigilância desconfiada do Itambé
-- o teto do
sertão mineiro --
abençoa os operários da Central do Brasil
que já estão encantados na terceira margem do rio.
O morro do
urubu permite olhos
em voos espirais
mas é a assinatura da morte do Rio da Prata,
onde os padres já não se banham
e as águas são passadas...
O seminário no Largo Dom João é imponente
A estação ferroviária,
paisagem na
memória!
Silêncio dos apitos!
A rua da linha, sempre interrompida,
guarda passagens subterrâneas,
narrativas de mistério...
Na Rua das Biquinhas, Manoel Claudino,
benzedor, sacristão
curou os males de uma geração
e podou roseiras!
Fatia de tempo
abraçada pelo arco-íris
em suas horas de (des)alinho
a dizer que os tesouros ou dilapidações
são sempre dentro da gente.
Para os operários da Central do Brasil,
moradores da Vila Operária e Rua das Biquinhas em Diamantina
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