Postagens

Mostrando postagens de junho, 2018

O caminho da flor e da pedra — A Rosa do Povo, de Drummond

Imagem
Eu o amo, mas vivo, não múmia. Sem o verniz dos florilégios-catacumba. — Maiakóvski Ator e autor de um teatro pessoal de obsessões e labirintos, que convoca toda sorte de paisagens, partituras e jogos de pensamento, Drummond realizou, em A Rosa do Povo (1945), uma das obras capitais da poesia  moderna brasileira. Seus movimentos oratórios, como falas dramáticas de liturgia profana, exploram as possibilidades do lirismo, indo do grave ao passional, do irônico ao patético, conquistando, em seus momentos mais altos, um tom quase épico, diamantino. É uma lírica radical, de ruptura, que reflete um tempo de conflitos, belicoso, e também sinaliza um percurso de construção poética, de exploração de territórios lingüísticos que superam as fronteiras do próprio modernismo. Essa confluência de águas do registro histórico e da saga textual tem um exemplo notável no poema Nosso Tempo , uma das peças mais conhecidas do volume: “Este é tempo de partido, / tempo de homens