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Mostrando postagens de novembro, 2018

A POESIA CHINESA REIMAGINADA POR CAMILO PESSANHA

  Claudio Alexandre de Barros Teixeira / Universidade de São Paulo         Camilo Pessanha lecionou filosofia no liceu de Macau, então colônia portuguesa, onde escreveu ensaios sobre a história, civilização e artes do Império do Meio, colecionou objetos de arte – pinturas, esculturas, caligrafias, cerâmicas, peças de bronze, bordados, joalheria, indumentária –, organizou o primeiro manual que se conhece para aprender chinês: Kuok Man Fo Shu – Leituras chinesas , redigido em colaboração com José Vicente Jorge, e publicou traduções de oito elegias da época da dinastia Ming, valendo-se de seu conhecimento do idioma chinês – conhecia nada menos que 3.500 caracteres ideográficos. Em carta de 1912 endereçada a Carlos Amaro, o poeta português escreve: “Bem desejaria publicar um dia meia dúzia de pequenas traduções, mas a empresa, a ser a coisa como eu a tenho esboçado, é cheia de dificuldades [1] ”. Considerado as características da língua chinesa — “monossilábica, escrita sem modulaç

UM POEMA DE SÁVIO DE ARAÚJO

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COEXTENSO Ainda que úlceras manifestem-se gloriosas em sonhos encarcerados serei um homem sóbrio. O que reinvindica o poder da carne lasciva à imaginação em devaneio. Essas entranhas moles crescem por asfixia. É preciso nunca ter sabido respirar como dominado. Assim mirei o horizonte, restaram vermes perseguidos. Ali, sendo menos que era, busquei uma causa até recair no amor a essa praga autoimposta. E agora os temperos crescem vertiginosos em minha boca. As horas desdobram-se fractais em cada página de cada livro. Leio na correspondência de escritores as poucas coisas fundamentais. Os instantes me pertencem e respiro finalmente em seus passos disformes. Sinto hoje vãos no tempo onde posso guardar a noite deixando que palavras se cumpram.