Um poema de Márcia Tigani











Canto anônimo

Não é teu o céu pintado
à guache, lápis-lázuli
a iluminar oásis
de cáctus e marfim.
Nem é tua a labareda,
a história dessa guerra
coração fincado à terra
e à argila carmesim.
Tua é a planície e o sal
o granito ,a ovelha atônita
a mulher e a voz afônica
de tanto chorar sem fim
Pelos filhos e seus espectros
plasmados a esmo e gesso
em momento de recesso
sob tônica e sob gim.
Não é tua a terra própria
nem a vida, nem a morte
Em tuas mãos há lama e corte
E teu nome é Serafim.
Terá fim esse cansaço?
Ou o fim deste mormaço?
Haverá fim o anonimato
a perseguir Serafim?

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

POESIA

TRÊS POEMAS DE JORGE AMÂNCIO

NOVE POEMAS DE JORGE AMÂNCIO