UM POEMA DE LOURENÇA LOU



PERDIDOS

todos os sons fogem e nos deixam surdos às vidas lá de fora
o que o mundo diz não nos interessa
não agora
não no momento em que a coragem
nos fecha neste quarto
o desejo
esta ilha que nos separa do racional
desperta-nos feras
:
não há moralidade em nossa fome
não há disciplina
não há fronteiras
na composição do nosso final dos tempos
sua boca faz explodir minhas ansiedades
lava com a língua o ventre à espera
os dedos espalham ardências nos caminhos da madre
desmancho-me em pornografias
grito sussurro grito
falo
todos os lábios se abrem
sedentos como terra à semente
morremos
não há em nós expectativa de vida além deste quarto alugado
a realidade nos vem trazida pelas trágicas sortes
ainda hoje seremos novamente dois seres perdidos em ruídos
fábricas de sonhos roubados à soma de nossas impossibilidades.
Lourença Lou

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