DOIS POEMAS DE CARVALHO JR.

















CAMPO-SANTO
é sombra de quintal e silêncio
a pedra que me cobre inteiro.
o canto de um choró-boi
garganteia a despedida,
na minha cruz de pau,
flor arrancada dos dedos
de um ancestral jenipapeiro.


TAPUIA

Há palavra inventada
para o que teu sorriso esculpe?
para o voo de luz que se embrenha
nos parques e borboletas do sonho?
para a margem esquerda de um céu,
de sílabas mansas, que me fluem
como uma ponte sem nome?
Nem mesmo Neruda concebeu
o ímpeto da cascata do teu riso.
E as lavadeiras, em coreografia,
pedem um dilúvio dessa flama-opala
que sombreia o homem no quintal.
As lâmpadas da catedral,
que se esboçam nos teus
lábios quentes de tapuia,
me inundam de volúpia,
me ungem o corpo todo
de cupuaçu e água de rio.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

POESIA

TRÊS POEMAS DE JORGE AMÂNCIO

NOVE POEMAS DE JORGE AMÂNCIO