UM POEMA DE FLAVIANO M. VIEIRA
FASCES AO SOL
o segredo estampado na face
vem da palavra
o estado rasgado da matéria
vem da palavra
a desculpa sem culpa da noite
vem da palavra
e a carne apodrecida de asco
vem da palavra
só não vem da prole grotesca do desbrio
a cor escondida da morte
nem a flor entristecida e sem sorte
vem da palavra
apenas a face enrugada do sol
queimando em larvas a cadela enviesada de cio
num sorriso taciturno de pedra
vem da palavra
e não a razão imediata do frio
evaporada em substâncias de vil messianismo
decompostas no odor tácito das estalactites
e assim com as marcas do verbo cravando o vazio
finaliza-se a tertúlia do tempo
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