UM POEMA DE LOURENÇA LOU
HERANÇA
minha mãe escrevia hinos
sentava-se ao órgão
e melodiava suas ideias
as missas de domingo
eram menos alegóricas
com os hinos de minha mãe
meu pai escrevia histórias
as mesmas que contava
para seus alunos
muitas crianças
cresceram foice e martelo
com as histórias de meu pai
escrevo coisas que penso
coisas que vejo
coisas que acredito
serem o legado
de quem respirou dor
e costurou feridas
de suas crenças
escrevo com erosões
nas veias
marcas de espinhos
na língua
e estupros nos pesadelos
escrevo por quem ainda
tem os dentes cerrados
na própria carne.
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