DOIS POEMAS DE JADE LUÍSA


















ECO DE LUSCO-FUSCO


Escuto a água arranhando o vidro
Suas unhas rascunham calmaria e flores
Esqueço como a água sente a pele
Esqueço como a água rasga a pele

Os dias arranham o vidro
Esfolam as flores que a água rascunhou
Dissipam a face que a noite tingiu

O fogo a guerra os mortos, já não os sinto
Eles ainda vivem sob os sulcos do asfalto
Mas eu, tingida de noite, esqueço.


REVERBO

Nos teus dedos minúsculos não cabem
os gerúndios infindos.
Toco tuas pálpebras trêmulas
cadência particular.

Escrevo o amor dedilhado
Enrolo teu lá em minha garganta
– ela se abre e afina 
da ponta do delírio à extremidade
do seu último dedo
e caçoa do sinlêncio.

Teu riso é palavra, assonância
Sentir o amor e sentir o vento e sentir o silêncio
E cantar tuas palavras
em tons e hálitos
É o que me faz verberar tua voz.






Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

POESIA

TRÊS POEMAS DE JORGE AMÂNCIO

NOVE POEMAS DE JORGE AMÂNCIO