UM POEMA DE MAURÍCIO SIMIONATO
NOS DENTES DA NOITE
A primeira estrela da noite
chega entre nuvens
que já se foram.
O primeiro pássaro da noite
revoa do Leste imaginário
rumo ao Oeste solitário.
O primeiro cavalo selvagem
da noite sequer existiu.
Mesmo assim
partiu
agalopado.
As primeiras pedras da noite
daqui a pouco
se tornam frias.
E tornam-se uma ameaça
aos primeiros passos
da noite,
com seus subângulos salientes
Feito os primeiros dentes
da noite,
que remoem a lâmina cega da imensidão.
A noite, em seu desjejum, nos engole.
E o faz apenas para poder raiar
no primeiro amor do dia.
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