TRÊS POEMAS DE LOURENÇA LOU
ATO FINAL
quando vieres
ó
morte
o que levarei comigo?
talvez um obstinado descaso
pelas
falsas carícias da vida
certo
estilo no uso
dos
saltos a comer calçadas
esta
ilimitada admiração
pela coragem de Adélia
no
inaudito louvor ao cu
confrontar
a moral da igreja
me dirás com olhos de brasa:
traga os diários noturnos
que guardam com timidez
a versão de seu sexo felino
carregue a áspera meiguice
com que feridas amigas
beijaram-lhe os olhos
deram sentido à sua visão
e esta inveja que te grita
do mais profundo da gaveta
pela rosa de Drummond
e seu amor natural
enfim
me dirás: esqueça
os
cadernos de catecismo
você
nunca se preocupou
em fazer malas no dia anterior.
querem-nos
medo
:
alguma chama
cólera
coração
querem-nos
pausas esparsas
entre risos amarelos
embora ignorados
por quem paralisa
nossa respiração
ainda
podemos provocar
a bomba
que os
surpreenderá
explosões
transitam em
metáforas
da
necessária resistência.
bebo a noite
em lentos goles de realidade
na sem-razão da certeza
ardo estilhaços
do amor onde nunca aportei
mergulho em vagas do incorpóreo
e resgato guelras
dos caracóis em que me cultivei.
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