UM POEMA DE FLAVIANO M. VIEIRA
O ARRANHAR DAS SOMBRAS
Quando me vejo tardio
repartido e vazio
com dores nos poros
aflito eu ouço o envio
destemido e ardil
doente dos olhos:
“Não cede ao vento pesado
excremento estalado
que místico entoa
eco quebrado lembrado
fenecer transtornado
que a verve destoa”
Só ouço e almejo e declino
aridez do destino
em voz de manteiga
quando me vejo menino
de acidez desatino
eu ouço a trombeta:
“Foge a desnuda sangria
que dá à morte alegria
de ombros sem gás
suprime a voz do esguio
silêncio tardio
dos pobres mortais”
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