UM POEMA DE JOSÉ COUTO & JÉSSICA KAUANA BASTOS




 TOTEM II


eu penso por que não fujo do perigo,

todavia a poesia parece um caminho seguro

sem senha, tudo é cabra cega

a linguagem será nosso fel drummondiano


sem céu, a vida imensa esclausurada

brotam restos, migalhas, palavras cinzentas

versos que exalam fragrâncias

da noite, da água, da lua, da vulva


há algo em meus olhos que não se fecham, 

seguem encostas dos segredos

das fomes dos abismos dos tumores

rumores irados, rajadas surdadas


na pele, nos cílios, debaixo das unhas

táteis, ásperos, de olhos cerrados, abertos

fluindo a feliz infelicidade

sozinho, ora pleno, ora vazio, sigamos...


Arte de Artur Madruga


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

POESIA

TRÊS POEMAS DE JORGE AMÂNCIO

NOVE POEMAS DE JORGE AMÂNCIO