UM POEMA DE JOSÉ COUTO
RESPOSTA À CARTA ABERTA AO AMOR OU ODE AO FRACASSO
de teus versos tenazes
recolhi na alma a porrada
firme e forte
entre os culhões do estômago
trincaram e estilhaçaram
a porta de saída
a ampulheta girou seu raio de opacidades
o verbo verniz de sal
que deflora transitoriedades
bordou suas tintas
de cores reverberadas
em ecos urgentes
unquentos para os tantos
desconsolados desencontros
mestre dos intrincados caminhos
da
inquietude
o peixe designa
de agora em diante
o leito ressecado desse rio
sem signos ou significados
e o pássaro entoou
seu assombroso canto
indecifrável na trilha
antes de perder-se no horizonte
ainda recebeu no rosto
marcado de imperceptíveis
fragrâncias de auroras
seu óbolo que alimenta de éter
o tempo cristalizado na poeira
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