UM POEMA DE MÁRCIA TIGANI
GENEALOGIA
Minha argamassa é feita de enigmas:
Analiso me através de gelosias
Meus antônimos não cabem em cronogramas
Não me interessam mais fótons e rimas
Não desejo fragmentar flores
Nem possuo tempo para desfolha- las
Meus pulmões carecem de mais ar
Brisas apenas não os restituem
Meu corpo não termina em escápulas
Mas elas ainda sustentam meu mundo
Rendilho espaços e pensamentos
Enquanto cartilagens rangem
Averbo a geografia de uma vida inteira
Como o pulsar feérico das carótidas
Antes escolho a digressão
Ora o degredo, ou o delito
Entrego- me ao escárnio e a derrota
Mas mantenho- me antípoda e visceral.
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