DOIS POEMAS DE LOURENÇA LOU












HÁ MUITO NÃO TE DESENHO ELEFANTES


não tenho muito tempo

depois de tambores e decibéis elevados

a noite já se anuncia luminosa


da janela vejo flores a enfeitar 

o inverno que se anuncia


rio perene

como este desejo 

que em mim é conteúdo

de plumas

doçuras

gratidão de tantos ontens


há muito não te desenho elefantes

que nos acheguem

na distância de suas patas


nem te dou de presente

pérolas assentadas 

em mil seios de conchas


talvez devesse esperar junho


seria quase nada fazer do seu dia

alusões a uma vida poética

que dribla geografias

lança redes em todos os meses do ano

e distribui peixes

multiplicados 

em estatísticas de carinho


não tenho mais tempo


talvez amanhã eu te desenhe

braçadas de luas 

a deslumbrar teus caminhos


COMPASSO

Ao poeta Ernesto de Mello e Castro


meninas se deixam dores

dores não morrem nas ruas

ruas se deixam em casa

casas morrem em meninas


casas engolem as dores

dores se choram nas ruas

as ruas engolem meninas

meninas choram sem casa


dores se deixam em casa

em casa se choram ruas

nas ruas morrem meninas

meninas engolem dores


em ruas se deixam casas

em casas se choram dores

dores engolem meninas

meninas morrem nas ruas.

Comentários

  1. Parabéns, Lou!!!! Sempre de olho nos seus poemas! Sempre muito intensos. Parabéns

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