DOIS POEMAS DE LOURENÇA LOU

 

ABISMOS


olho nos olhos do dia

:

café epidêmico

vis comboios de vírus

religião vendida em votos

epístolas de ódio

desabaladas calmarias

sentenças

de deuses-néscios

acenos cumulativos

de rasgado desamor


(minhas dez mil ilusões

de suaves paraísos 

trancaram-se nos armários 

das crenças infantis) 


ignorando 

as alegorias do divino

reforço minha fé 

na palavra

em que me reconheço 

onde pulsam

os abismos 

cursos sanguíneos

da salvação de cada dia.


ASPEREZAS


há uma poeta 

aprisionada 

na mulher

a escarpelar 

suas paredes


ambas escorrem

ranhuras 

de seda 

e sedução

às estranhezas


elas sustentam 

suas amnésias


há uma mulher

aprisionada 

nos versos

uma poeta

de asperezas

 viscerais


ambas se moldam

nas simbioses da língua

e entrelaçam-se

nas reinvenções 

da palavra.  


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