TRÊS POEMAS DE EWALDO SCHLEDER

 


OUTRO LADO DAS IMAGENS


Enquanto o gado

pantaneiro

engorda na Bolívia,

queima o pantanal selvagem.

Arde em chamas

o país do futuro,

esse coração verde

inflamado criminosamente.

O que será da fauna e da flora,

 o que será do homem,

nesse desencontrado

 baile da raça morena?

O que será das Américas?

Fogo de pau-brasil,

esgoto de querosene?

mãos brancas 

tingem a terra


TOM.COM


Essa pedra 

que rola os ares

é uma nota poética

mais do que pedrada.

Essa pedra é bit

é bruta é break

é matéria prima

essa pedra é hit

da cibernética


TERRÁQUA


machucho mar

bravio brioso

cobre as dunas

contas musgos

cristalinas

cristaleiras

caramujos

olas anchas aladas

tombam em cristas

de jade tunísia

e cristais


Poros molhados

a areia

pele de sereia

espelho

céu narciso

monumental

espumas plásticas

esporros brumosos


Lá em cima

atroz imaginação

a martelar

planícies planaltos

charcos subúrbios

cascatas cascalhos

plutão mercúrio

evanescente carbono

metanos gases

sagrados e profanos


terráqua: o vento

Pés na lua

pó da terra

paz verde

jaz a floresta

jazz a noite vazia

velas mastros aluvião

vaza barris

línguas afiadas

cortam o ar

vazio e quente


duelo solar

cai a tarde

fusos transcendem

o olhar original

embaçado agourado

dialética – dial

querer é perder

passaportes portais

linhas d’água

no horizonte

vontade louca

de que a terra

fosse quadrada

mas é redonda

querem os deuses


à cor do sangue.

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