UM POEMA DE JOSÉ COUTO & ANTÔNIO tORRES

 











TOTEM IV

    

a pele que recobre as inquietudes, o rumor

do afogado dentro do oco veloz, sem voz

para cavalgar o vento sobre o mar, pânico

que segue os indóceis passos da tempestade


o caos pede gritos de expiação, traga luz

como se fosse um buraco negro, desconhece

a paixão, que dilacera com seu cravo fino

e atroz, no peito alumbramento, a voz secando


meus exílios, minha incandescência, meus

suores, odores e a raiz inacabada dessa flor

de cera em meus olhos lassos, como se não mais

houvesse alma, essa força oculta forjada nas chamas


das dores e aprendizagens de resistência e luta

em tempos vulcânicos, de chuvas de fogo e chumbo

vamos girar o maracatu o congado a calanga

a gira de xangô kawô kabiyesilê oxê alujá


Arte Artur Madruga

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