DOIS POEMAS DE MAURÍCIO SIMIONATO
FORMIGUEIRO
A borboletinha morrida
coloriu o chão
de tanto chispar o céu.
Foi abatida de vida
pra ressuscitar,
aos pedacinhos,
dentro do formigueiro.
VENTANIA
Perder o passo ao vento
que se refaz
em outras paragens,
desfiladeiros.
À tarde
já nos deixará
em algum lugar
que se encontre ausente
Cantos, assovios, motores,
luzes, latidos, labirintos,
latitudes, dissabores.
Qualquer coisa que se pense
perde-se ao vivo e nem sempre em cores.
A vida nos arranca de tudo.
Contudo, perca-se
até que não se ache mais.
Ela nos encerra descaradamente,
a cada instante, arrebatados.
Leva respiros e reflexos.
Rompantes.
Rapta folhas em queda
ao torná-las livres para se perderem
orquestradas num
zigue
zague
até qualquer chão.
Para arvorarem-se aterradas.
Viver é desarvoro
no tempo a dissipar-se.
Tudo a perder,
vivo.
Bom demais.
ResponderExcluirA tarde cais.
Bitcho, me dê algumas palavras para comentar, por favor.
ResponderExcluirSó consigo sentir o coração bater mais intenso, lento e profundo.
Obrigada