DOIS POEMAS DE LOURENÇA LOU

 


2019

 

nunca o dia um

trouxe tantos dolos

incertezas intolerâncias

 

nunca o dia um

trouxe tantos apetites

devassa violência

 

minha esperança

anoiteceu sob cumulonimbus

 

reacionários

vestiram-se com vestes

de um jesus neorracista

 

arminhas

viraram gesto-símbolo

de infame fábula fascista

 

minha esperança

dormiu insone na insanidade.

 

 

MENOSPREZO SANGUÍNEO

 

viu o filho amanhecer

sangue nos olhos

medo nas mãos

 

viu o marido anoitecer

revólver nas mãos

ódio nos olhos

 

medidas protetivas

não evitaram

constante vil violência

: escárnio ferida terror

 

naquele 25 de agosto

sob olhares impassíveis

das muitas mães de cristo

ajeitou-se majestosamente

na cadeira de rodas

 

com dedo no gatilho

menosprezo sanguíneo

venceu todos seus vícios

 

desta vez se efetivaria

a lei maria da penha

assim sem final feliz.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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