TRÊS POEMAS DE EWALDO SCHLEDER



DESTINO ZEN


esta cama vazia

vazio 

este quarto

esta casa

vida vazia

viagem 

avião

destino vazio 

eu vazio


VIAJANTE


Essa via de vai e vem 

nem sempre viva 

segue vendo 

suas margens 

lhe traçar o rumo 

e a buscar os movimentos 

de suas voltas cardeais.

 

Ainda o olhar doce

a correria derramada 

pelas curvas da planície 

voraz quando cânion. 


A casca de noz 

flutua leve 

nas grandes águas. 


E o porto 

naufrágio

aportar sem limites: 

em distâncias traçadas 

pelas mãos trêmulas 

do céu ao porto.

 

O tempo 

o leme 

o manejo do timoneiro.


Muita sorte e algum juízo  

- próprios do viajante – 

vontade de chegar

e de não chegar. 


TEMPO LEVOU


à cicatriz sem memória 

cara quebrada no espelho

Murro na ponta da história

 Se não rezo, não me ajoelho


Sem escapes, não despiste

ouro de pobre no nariz

levar duro o dedo em riste

é purgar o resto do pus


Transmutação sobretudo

faca de louco não se afia

se daqui logo me mudo

não sei quando todavia


Peço ao rio: arrebente

navego o dia sombrio

a jorrar o gozo quente

cheio de beijos, esvazio

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

POESIA

TRÊS POEMAS DE JORGE AMÂNCIO

NOVE POEMAS DE JORGE AMÂNCIO