DOIS POEMAS DE JORGE AMÂNCIO
ODOYÁ
Seu vestido
rodopia
a voz do mar.
O corpo
ondula
o ar dança.
Guarda
conchas e pedrinhas,
na porcelana azul.
No branco da mesa
pato peixe canjica,
oferendas a rainha.
Na África
mulher de Oxalá.
Saíram de Inaê
Olokun Oxóssi Xangô Oxum.
Mãe dos seios úmidos
uma Sereia
Rainha do Mar
PAPOULA
nascida
beira palácio
boneca
luxo pelúcia
vida
fome astúcia
flor
abismo opiáceo
tempo
gira encurva
tinge
cabelos medusa
tece
nota semifusa
abraça
noite turva
crescida
magra airosa
codeína
cor-de-rosa
transe
corpo solidão
foge
eterno retorno
subterfúgio
desadorno
morre
a cada trovão.
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