UM POEMA DE PAOLA CRISTIANE




 



NUNCA

Aquele cheiro ferroso

trancava as narinas.


O andar travado 

pelo bastão

em seus ombros.


Olhares opacos,

pedaços.


Cabeça baixa

mirando a morte.


Urrando em silêncio

por repouso.


O que era família? 

Filhos?


As mãos engrossadas 

pelo tempo.

Se tivesse a sorte 

de tê-las.


Dizem vinte horas?

Quatro horas lhe sobravam.


Não, nunca sobrou nada.

Nem comida, nem sono.

Nada coube em suas horas.


Ele não cabia em lugar algum.


A carne é preta, 

comida de cachorro.


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