DOIS POEMAS DE DANIELA PACE DEVISATE
TÉDIO
Bebi as utopias
regadas a limão
deitada inerte
à espera que alguém
devolva as asas
que pegou emprestadas
sem me pedir
acho que um djin
solitário e cruel
me mantem em cativeiro
para seu lazer
PINÓQUIA
Agora
que a cama
tão pacientemente
tecida pelo amor
foi roída pelos ratos
e eu clamo nua
deitada no chão
com um buraco
negro
no meio do peito
chupando um drops
pra adoçar
a solidão
fumando cigarros
só pra ver
a espiral dançar
já não penso em você
já não penso em você
já não penso em você
mamãe sempre dizia
que fui uma menina
muito mentirosa
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