DOIS POEMAS DE PAOLA SCHROEDER
GRAFFIAS
Quando o céu é solavanco,
onde ficam as estrelas?
Do amor às cobras fez-se pedra.
Tão delicado desejo, quem pudera?
Pernas imobilizadas em esboço preto e branco.
Mãos esculpidas num bater de celhas.
Sobre os joelhos reza narciso em seu lago.
Dizem: o amor, espelho de reflexo vago.
As folhas que no chão adormecem,
inebriam o ar das cobras à mingua.
Que resta à boca quando se aprisiona a língua?
Diante da cabeça de sua amada talvez clamem,
pelo cavalo alado que no céu brilha.
JARDIM DE INFÂNCIA
- Mostre sua flor.
Minúsculas mãos
baixam lentamente
as calças.
Flor ainda muda.
Inocência desfolhada
pelo olhar daquele menino.
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