TRÊS POEMAS DE JORGE AMÂNCIO

 

SUPER-HOMEM ESTÁ MORTO


achei a kryptonita que matou o super-homem. era verde, amarela, azul, branca? _ ela era multicolorida, trazia o sono de todos os dias_. super-homem foi visitar batman nas proximidades de gotham city, quando da caverna uma pedra caiu, rasgando a sua cabeça. o sangue descia pela testa, manchando a abjeta fantasia apertada. surpreso com o líquido vermelho, super-homem, imóvel, perdia as forças, voz, cueca, cor, capa, óculos, de repente tudo ficou escuro. todos sabiam que super-homem era invulnerável, mas que ele nasceu para ser um grande otário. super-homem morria na entrada da batcaverna. super-moça de tristeza chorava, o seu pranto inundou o planeta. batman, com vergonha, até se casou e robin no mundo do crime se infiltrou. achei! a kryptonita que matou o super-homem, a kryptonita que matou um grande otário, o super-homem, um grande otário.


A CHEGADA 


Emilly e Rebeca

jogam amarelinha,

embalam 

bonecas batons bambolês.


Pedro e Kauã

empinam papagaios,

fantasiam

tênis trens tamagotchi.


por onde vem Noel?

subindo o morro, 

descendo a ladeira

do céu?


o velho

chega de helicóptero,


salve-se quem puder!

rabanadas de balas.


doze mortos, 

um natal 

dos dias tétricos.


o barba branca

sai em terra

uma voz 

flauteia.


_ eu não fiz nada 

eu não fiz nada

eu não fiz nada 

...


O NARIZ CHATO DE GIZÉ


I

Androsfinge 

corpo leonino

asas de águia

cabeça celícola

sem nariz 

(há muito não respira)

a esfinge Gizé


Negrasfinge

corpo feminino

sem asas 

cabeça nocticolor

nariz chato

(há muito respira)

a menina Gizé


II

nas areias do Cairo 

descalça

à sombra da androsfinge

o círio de diamantes

chega

ao espelho d’água 

peixes azuis

acrobatas voadores 

devorados


III

andronegresfingie

tornaram-se uma

negrandresfingie

continuaram duas


o deserto as acolheu 

pelo nome de Gizé

nasce um rio

(o primogênito Nilo)

surge

frutos árvores peixes 


bímanos brancos 

atiraram 

no nariz chato

androgizé 

petrificou-se

eterna


IV

o barulho da pólvora

flechava o ar

crianças mulheres homens

navios negreiros

terras além mar


escravizada violentada

negragizé pariu

flores ébano

de narizes chatos 


todo branco

tem uma Gizé

na família


V

os filhos da negragizé

meridianos primordiais

do grande Cairo

androsfinge petrificada

no subúrbio de Gizé

enigmático nariz  

assoa 

na cara dos racistas

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

POESIA

NOVE POEMAS DE JORGE AMÂNCIO