DOIS POEMAS DE EWALDO SCHLEDER
CORPO ERRANTE
Meu eu etéreo
o maior dos meus
eus
paira sobre tantos
eus de mim
paira nesse eu
abstrato
mental
não o concreto que
sou
ossos nervos
músculos
sangue que conduz
eu em meu corpo
em repouso.
Ignoro tudo
a respeito de minha
alma
antes do outono
antes de minhas
estações fugidias
só posso conviver
com ela
em projeções de
figuras
ela imensa ovoide.
A cortar papéis
sem importância
até rascunhos de
poemas
desprezados
a lustrar os anéis
de Saturno
contas
eletrocutadas
sem aqueles
resultados
que aprendi
na infância
aritmética
a mente no cais de
Cascais
e no porto de Cádiz
nas valetas
do meu quintal da
infância.
Visualizo estágios
do meu corpo
e da minha mente
nunca sei bem
onde anda minha
alma
quisera tanto saber
e poder encontrá-la
sinto agora minha
mente
que se desnubla
uma coisa à parte
do corpo e da alma
concluo que quem
deve
se entender
com minha alma
para mim misteriosa
é o meu velho corpo
errante
COPO
LONGO
Falar
com ela
deitada
em seu leito
cilíndrico
– transparente
à
espera de que
lhe
suguem
ao
último gole
centímetros
cúbicos
de
volúpia
um
rum caribenho
carta
blanca
com
limão e açúcar
e
muito gelo
na
alta primavera
ou
no bar
da
próxima estação
brindar
com ela.
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