DOIS POEMAS DE LOURENÇA LOU
PRIMÍCIAS
estas meninas-mães
mal arrancadas da infância
nasceram em ninhos de medo
mordem culpas lábios línguas
engolem gritos de estupros
tristes meninas
em busca de ir além
da resistência dor desamor
as meninas de amanhã
árvore de raízes entranhosas
terão útero selvagem livre
voz a desafogar suas escolhas
dentes a sugerir felinidade
mulheres-terra
estas meninas de amanhã
primícias de voo pouso vida.
DIAS DESERTOS DE PAZ
fogo lambe sangue
cai sobre sentidos
dedos tocam medo
choros molham sol
ameaça invisível
não há luz
há cruzes
em peitos cansados
mulheres confinadas
fronteiras
dias desertos de paz
não consigo respirar
:
o oxigênio está sumindo
sob pele negra
na agonia do pantanal
sobre camas de hospitais
não há flor entre pedras
há desafio
na sombra tóxica
do que já envelheceu
há silêncios
à espera de violinos.
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