UM POEMA DE LUCIANA BARRETO

 


ALEXANDRIA


ainda hoje ardem os livros de Alexandria

e sobre os ombros incautos do mundo

e as hastes formidáveis dos palácios


[ardem hoje ainda os livros de Alexandria]


e sob as estórias encantadas de Sherazade

e as páginas diabólicas de Borges

e os manuscritos do mar morto

logo ali – a um passo ou dois –

naquela estante armada em um caixote

restam a ave incendiada

e o poema negro

indevassável

mortal

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