UM POEMA DE SIDNEI OLÍVIO
TRINCHEIRAS
I.
Preso nesse tempo e nesse lugar.
Todas as luzes acesas
e nada vejo ao redor
além de sombras e muros.
O que pensei ser uma fresta
era apenas impressões do desejo
e ar escasso.
Pelas entranhas do espaço
as trancas da casa.
O código sob a epiderme das palavras
ou dos pulmões (Drummond:
em vão tento explicar,
os muros são surdos).
Não preciso de chaves
sequer do grito – o que eu preciso
é onde estou.
II.
Preso nesse tempo e nesse lugar
onde o mundo se divide.
A rua transborda o meio-fio
feito um rio de concreto e poeira.
Suplanto o chão aterrado
no exterior longínquo:
rasura do sol que surge ao leste.
Qualquer obstáculo é um limite.
Há vários que nos separam.
Salte-os por vez
e não solte mais a minha mão.
Maravilha, Claudio, obrigado.
ResponderExcluir