POEMAS PARA YEMANJÁ
RAINHA-MÃE
Erù-Iyá
Odó-Iy
calunga grande da praia corpo de escamas e pétalas
vestido Iemanjá de safiras e abebés de rainha
Afagos da mãe bondosa que me quer
lua nova, cabocla da praia da concha dourada
ouve o vento dentro da cabaça
de lágrimas e pratos rasos de arroz
flutuando sobre os náufragos sem futuro
redes de pescadores, ostras, antenas de transmissão, cabeças de peixe, ouriços
pontudos, caranguejos virados chapiscados de areia branca
plancton de espumas metálicas-fogo-fátuo contornam encostas e rochedos
Farol solitário de pouso da gaivota
vela-cruz dos marinheiros e açoras de âncoras
cordas de prata cingidos em cabelos longos de onda
Fiandeiras desse destino incerto
das sementes de mostarda
em teu ventre
Erù-Iyá
Odó-Iyá
Scheila Di
Sodré
Seu vestido
rodopia
a voz do mar.
O corpo
ondula
o ar dança.
Guarda
conchas e pedrinhas,
na porcelana azul.
No branco da mesa
pato peixe canjica,
oferendas à rainha.
Na África
mulher de Oxalá.
Saíram de Inaê
Olokun Oxóssi Xangô Oxum.
Mãe dos seios úmidos
uma sereia
rainha do mar
Jorge
Amâncio
***
Odoyá Iemanjá
Mãe de todas as águas,
minha mãe,
protege cada ser humano
que carrega, em si,
parte de teu reino,
de tua doçura
e de teu sal
que escapa pela pele
e pelas lágrimas
de amor e dor.
Movimenta
as águas dos pulmões
contaminados pelo vírus,
do pranto das mães, dos filhos
de todos que padecem
perdas irreparáveis,
desse mar morto
represado no peito
por tantas perdas
e tantas mortes evitáveis,
Odoyá minha mãe.
Odoyá!
Fecunda,
nos corações humanos,
os lírios brancos da paz.
Edir Pina de Barros
ANA LUA
Iua lua luar luar
me abraça cheia ou minguante
aguçada permanentemente
lua lua meio dia luminosa
meia noite inexorável
tão fugaz no outono
tão concisa na primavera
lua luz pura no verão
teu luar despojado
vive em ana lua possibilidades e plenitude
em invernos aquecedores
amorosamente perfumando sementes
lua no riacho na lagoa no guaíba
na montanha debaixo da ponte
na fonte que jorra na pedra que flutua
no aroma da romã na fragrância da hortelã
no arco-íris e no azul turquesa
da queda d'água na cachoeira
vive em ana lua e seus mistérios
lua do guerreiro jorge e ártemis
da cigana no oriente
de iemanja e oxumaré
espelhando aos pés de maria
girando com selene cairê ou jaci
lua lua senhora do pescado
do parto das hortaliças e marés
do poeta lunático e da roda da loucura
dos namorados apaixonados
branca roxa ou prateada
reverberando doce ou amargo
sua imagem de ternura
gema preciosa de ana lua
vastidão do pampa verdejante
no amor na pureza na beleza
lua lua luar luar
esculpida na imensidão escura
ali aqui acolá além e aquém
antes de deitar te envio um beijo
te dou boa noite fecho a janela
abro o sonho galopo em tuas fases
no meu veloz pangaré charrua
Jose Couto
***
Odoyá!
Azul no peito
O mar eterno
Tuas águas a me encontrar
Venho lhe entregar flores
Dançar como menina
Espalhar tua canção
Te homenagear
Iemanjá, rainha das ondas
Traga muita maré cheia
Escorra meus prantos
Embale meus sonhos
Com sua força de sereia
Odoyá!
Azul no peito
O mar eterno
Tuas águas a me encontrar
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Mãe-d’água
Orixá marítimo
De renda branca, pérolas,brilhos
Bahia de Axé, candomblé, oxalá
Embarcam flores em alto-mar
Inaê, Janaína, Marbô, Iemanjá
Reina nas ondas, teu caminhar
Marcela Cividanes
Gallic
IEMANJÁ
Ya Omo Ejá
dona da minha cabeça.
Ya Omo Ejá
sabe todos os mistérios.
Ya Omo Ejá
dona de toda a beleza.
Ya Omo Ejá
sabe todos os caminhos.
Iemanjá Ogunté
De teu ventre saiu Olosá.
Iemanjá Ogunté
De teu ventre saiu Odé.
Iemanjá Ogunté
De teu ventre saiu Xangô.
Iemonjá auá abô aiô
canta e encanta o rei.
Iagbá odê irê xê
canta e encanta o mar.
Akoko pe ilê gbê a oiô
canta e encanta a mim.
Iemanjá Olossá —
dona do mar e de mim
haja água de águas
para todos os teus filhos.
Iemanjá Olossá —
dona do mar e de mim
haja paz no mundo-pó
para todos os teus filhos.
Mulher-flauta de Ifé
cura teus filhos da
usura.
Mulher-flauta de Ifé
cura teus filhos da
loucura.
Iemanjá Assabá
filha de Olokum.
Odoyá Iemanjá!
Claudio Daniel
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