DOIS POEMAS DE JORGE AMÂNCIO

 











AO DESPERTAR, A ÁGUA ESTÁ MAIS LIMPA

 

cavalga

as ondas do mar

sai do rio

como o arco-íris

rodopia

no vento forte

 

dona

de todas as cabeças

flauta de mulher

toca na corte do rei

cura as pessoas 

 

fecunda

desde a juventude

se enfeita sozinha

come em casa

come no rio

 mãe dos seios enormes

 muitos pelos na vagina

apertada como o inhame seco

 

guardiã 

cria

as crianças 

um carneiro

e dança

descontente

derruba pontes

desirmana-se

permanece nos aposentos

 

de suas tetas chorosas

nasceram dois rios

juntos

formaram o mar

do estomago crescido

nasceram os orixás

as estrelas as nuvens

o sol a lua

 

mãe do rio

das águas profundas

da casa de Olokum

 

Iemanjá

é a água

e nada

se pode fazer

sem água

Odoyá


GRALHA A TUCUPI NO BAR NEON

 

preciosa

parafernália

de vida pós-morte

cheira mal

o pomar

de frutos venenosos

ele

desce

no quarto andar

de um edifício neon

traça

um compasso de esperma

nu

rola

pelas escadas

toma

chás ideológicos

passeia

entre os sativas do bar

uma gralha

bica os frutos do pomar

índios

degradê neon

fazem

um cocar de penas pretas

servem

gralha a tucupi

 

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