DOIS POEMAS DE PAOLA SCHROEDER
SUÇUARANA
Afiar as garras no coração.
Alforriada, felina no cio.
Presas fazem parte de mim.
Unhas negras sangram os olhos.
Pelo envolto em face, seios.
Fome que atravessa o corpo.
Fêmea enfurecida espreita o desejo.
Arisca recua antes da presa gemer.
Por instinto tua caça é perpétua.
Ofereço minha carne.
O
AMOR QUE NÃO ESTÁ
“Em
todas ruas te encontro.
Em
todas ruas te perco.”
Mário Cesariny
Aberta em pedaços,
trago os restos de minha cabeça.
Tormentos se equilibram na ponta da lâmina.
Buscas vigentes pela carne.
Quem sabe a dor seja algo sublime.
Me separo daquilo que é impuro.
Sem tato, sem gosto, sem língua.
Sem manha para linguagem.
Desejo: janela podre, fechada.
Uma fresta, por que raios me encontraste.
Hoje silêncio deformado e formalidades.
Olho as paredes que me circundam.
Elas voltam reverberando,
saudade, saudade, saudade.
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