UM POEMA DE PAOLA SCHROEDER

 

ELEGIA

Num canto, a voz reluzente da morte me chama. Cante para mim aquela antiga música que afasta a dor e os enganos. Tudo que para mim deve ficar para trás. Leve a lembrança da alma do mais alto mar, alto, alto céu. Deito em meus joelhos, as mãos que trago aos olhos,  lágrimas. Poucos conhecem a brasa ardente de meus ossos, embora evoquem constantemente suas cinzas. Olhar perdido no espelho, escorrendo pelos cantos em toda imagem. Tudo se foi. Esse corpo que permanece traz os pontos feitos na carne, a tentativa de impedir a ruptura, a alma de partida. Cante aquela música que dorme em meus sonhos que eu escuto teu chamado. Hoje tantos dormem em paz.