DOIS POEMAS DE SIDNEI OLÍVIO
O AMOR NÃO CHEGA EM
CORES
personagem
autômato
do
cotidiano feito de dramas
era
dela que eu falava
estrela
onde tudo ao redor
gravita
e cristaliza
o
gestual expandido no foco
das
vestes estampadas
da
espada nas mãos
a
perfurar o real
(a
vida é sua arma)
o
gesto e o ato
além
do enquadramento
como
se fosse um enigma
tudo
se transforma
o mundo
sem cortes
alheio
à poesia
simulação
de equilíbrio
as
cores do artifício
dissolvidas
em cinza
O
EXTINTO VERBO DA AURORA
caminho entre os entulhos
da avenida desfigurada.
o tempo ainda úmido
não recorda o dilúvio.
no palco da culpa
discreta luz encena
o escuro da lama
sobre o asfalto os automóveis
sobre as casas.
(retorno ao barro
molde de nenhuma vida.)
lanterna que se apaga.
resta tatear o escuro
em busca da manhã
quando a alegoria enfim
se completa.
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