UM POEMA DE MARLI FRÓES

 







RITMO

 

  jazz na esquina

 jaz o tempo que é morto

as notas nunca igualmente repetidas:

reverberadas em algum lugar.

  

sem jungle  otimista ou serenata

que atravesse a manhã

recolho os meus pertences

que no fundo não são meus

 

arrasto a barra da saia

 que varre o chão

– memória de um mar ancestral –

lembrando... nada na vida é para sempre

 

tudo  metamorfoseia noutra vida:

arquivos, marcas, necroses,

pinturas rupestres, seres calcificados

memórias a dizer

que a vida   é sempre contínua.

 

 

ainda que a orquestra seja interrompida

a música se consubstancia

em algum lugar inescapável...

 

 

sigamos varrendo o chão,

 recolhendo o sangue

 e as flores dos nossos antepassados...

 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

POESIA

OITO POEMAS DE SIDNEI OLÍVIO

NOVE POEMAS DE JORGE AMÂNCIO