QUATRO POEMAS DE CELSO VEGRO
METEMPSICOSE
Detrás
do que é denso
de seu peso
e profundidade
há sempre
algo a fluir,
vago e vagaroso
esquecido de seu
tempo
amoldado em forma e
jeito
em eterno
inexistir.
PRÓCLISE
Pararaquas de
saraquás
roufenham
pseudoblues,
imolando arpejos
na seara
dos sapos
deserdados.
Cautelosos esgares
acobertam
apalpadelas,
como palavras
pesadas
que afundam no ar
Se ruminações
melancólicas
derrocam nervos,
o interlúdio dos
unicórnios
assegura
os últimos
arranques de vida.
MESÓCLISE
Fios tortos e
sujos,
molho de tentações,
amontoam
babilônicos
preconceitos.
Nas begônias
crepusculares,
- das brancas e
amarelas,
prosperam faces
perdidas
entrelaçando marés.
Solo gretado
de austero encanto,
pedantemente
estéril,
projetar-se-á
indomável.
ÊNCLISE
Revela-se
a latência secreta
de todas as coisas,
a cada ciclo
de exuberância
lunar.
Distingue-se
entrevértebras e
caranguejos,
o cocar aborígene
urdindo sonhos.
Impõe-se
o arrulho dos
pombos,
às intermitências
do arco do
violoncelo.
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