UM POEMA DE ALEJANDRO LLORET

 









indago o que não tem uma origem fixa ou o que não mostra suas margens para serem pintadas numa tela limitada  às cores de uma janela. filosoficamente ou não estamos todos perdidos desde a tempestade de formigas do inverno de 2020 diferente do plotter do templo e as intemperanças do tempo ou as tempestades que destroem pedaço a pedaço o cérebro invadido. invasões. inovações. rotações legíveis versadas em gamas de amarelos para tingir as folgas.  ações no disco ótico do prepúcio responsável pela cegueira irreversível dos elefantes arredor. ou diga-me como queres organizar minhas perguntas com tantos canários em cada dedo de tuas mãos. subo a rampa não subo a rampa subo a rampa sem deixar os  tensos pés em bispo como se fossem zês espantosas suspeitas do alfabeto no caráter de uivo sem uivo à direita do padre.

diga-me como seremos semelhantes se te miro pelo olho do tucano enquanto supões que pelo fato de dedicar-lhe tempo à observação das gramíneas poderás separar os óvulos fecundados em seus carpelos sem resultado estigmático.

as dimensões abriram-se ou diga-me porquê aqui as portas são imóveis e quando chamas são as paredes que abrem dimensões funcionais.

salvem-se as paredes. salvem as paredes. salve-se quem invariavelmente puder porque pode salvar-se da sala contraditória deixando as asas da utopia deixando a utopia das asas . ou não são quatro paredes as que definem a melodia vertical que separa a aranha da vida que não se agita mais na densidade de sua teia.

a teia de aranha não aprecia a memória ou a memória foge da sensibilidade relampagueante dos gatos.

Ontem inauguraram ateliês  para insensibilizar os gatos.

ontens. ateliês. ateliês de anteontens. gatos intactos. pacto felinizado. post facto. pathos de gato.

impacto e ato. rapto ou sensibilidade e brevidade de anteontem. a astúcia urde a constelação abrasadora do vocábulo sensibilidade ou o sensível alcança sua plenitude depois do samadhi da andropausa de mamíferos em extinção que relatam episódios de contínuas e irritáveis quedas de escamas aderidas aos seus corpos como formas de pagar impostos em doses incontáveis.

súbito surges em miniatura com asas de arcanjo. de repente surge um não morfema no corte teatral do poema. em qualquer poema existe o risco de descentralizar o poder da cama e a disponibilidade de tomar banho apoiado no eixo tóxico de um olhar global opositor.

ou estamos aqui dentro porque perdemos a noção de superfície e nos deixamos possuir pelo oposto às áreas poéticas do recambio celular. uma donzela confessa sua oposição amorosa ao esforço dos capuzes clitóricos em época de minuanos e desequilíbrios cardiais do que é preciso para dar-lhe abrigo  às camélias portadoras de um magnetismo frenético.

ou será que pensei quanto é desnecessário o uso de uma lanterna para  ficar rígido diante da poça que em um instante atrás nadava rumo à fragosidade de tua corrente ou da vertente que te resulta ampla e foge do devir. 

Tradução: Antonio Miranda 

 

 

 

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