UM POEMA DE SANDRO SILVA

 












ESTILHAÇOS URBANOS

 

A palavra concretada a frio

ouvida de passagem nas calçadas

espalha-se, sorrateira,  insinuante

como estilhaços insolventes.

 

Distraídos, engolimos a seco

pretensões reversas em papel picado

que se alojam na corrente sanguínea

entre dutos, tuneis e fibra ótica.

 

Entopem o bueiro das ideias

e deixam marcas incuráveis na pele.

 

Desfere.

       Descasca.

                 Desengana.

 

A cidade é um alto-falante:

canhão giratório em sentido único

onde o corpo é sempre o alvo

limite de todos os infortúnios;

 

amálgama a ser combalido

até que nada mais reste além

de ossos descarnados.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

POESIA

OITO POEMAS DE SIDNEI OLÍVIO

NOVE POEMAS DE JORGE AMÂNCIO