UM SONETO DE EDIR PINA DE BARROS

 


DESENCANTO

 

Quisera ser ao nada reduzida,

ou dele ser a mais etérea essência,

metáfora maior da própria ausência,

e nada ter, nem mesmo a minha vida.

 

Ou ser apenas sombra que, perdida,

sozinha andeja, à beira da demência,

sem paz, sem luz, contorno, consistência,

seguindo o vil destino, desvalida.

 

E desfazer-me, enfim, de tal miséria,

que torna a vida triste, deletéria,

quisera, sim, partir, buscar-me a mim,

 

me libertar do fardo da matéria,

do sangue que, correndo em minha artéria,

transporta a seiva dessa dor sem fim.

 

 

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