DOIS POEMAS DE PAOLA SCHROEDER

 











INOPORTUNO DEVIR

 

I

 

Seio descoberto, delicado.

Boca leve, fina, fina, espessa.

Voz de Madalena.

- dedos estéreis:

cansaço,

dor.

Ternura insurge

afônica.

Tanto flutua,

farta os olhos.

Palavra cobre os lábios.

Silêncio muda de dor.

 

II

 

Luto oculto nas mãos de Sísifo.

No asfalto nem náusea, nem flor.

Teu afeto desfeito pela minha língua.

Nem pó de ouro, nenhum reparo possível.

Leve, fina, finda, espessa.

 

***

 

Da pátria que brotei nenhum germe resiste.

Vi guerra em tantos seios inaugurando nações

Vermes atracando seu caos nos dentes ainda de leite.

 

Não quero ver mais nada, não posso ver mais nada,

Desço meus olhos na estrada que maculam meus pés.

 

ali os cravo como sementes e do solo fértil o que nasce é tristeza.

 

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